Ontem, na cama, prestes a cobrir-me com o edredon, porta do quarto aberta, luzes prestes a deixarem-me na escuridão na casa, senti a nuvem negra, estilo vapor negro, a entrar no quarto. Mesmo antes de apagar a luz da cabeceira senti-a em forma de cabeça a segredar-me ao ouvido. Não entendi o que disse. Mas soube o que tinha de lhe dizer: 'faz favor de ir embora, não és bem-vinda, xô!'
Apaguei a luz e continuei a senti-la. Nisto vem um barulho da sala. Pensei que o mac tinha caído ao chão. Levantei-me e fui ver o que se passara. Não tinha sido o mac. Foi um pacote de leite, vazio, que estava em cima da bancada da cozinha que caíra ao chão. Peguei nele e recoloquei-o na bancada.
Regressei ao quarto. Fechei a porta. Deitei-me, apaguei a luz. E o vapor negro entrou-me pela nuca e eu sabia que o faria. Defendi-me com o 'Raku' que o D. me ensinou. Mas fui sentindo a cabeça a ficar cada vez mais pesada. Até que adormeci.
Tive um pesadelo: sonhei que a encenação que estava a fazer era impossível de realizar: era debaixo de água e usava um submarino. Não conseguia mobilizar ninguém a trabalhar e todos estavam passivos e contrariados. Senti o falhanço total, que não iria conseguir estrear. E uma imensa e terrível solidão, impotente.
Daqui a uma semana começo ensaios duma encenação que farei. Até agora tudo corre maravilhosamente, na fase preparatória. Mas o medo reinstalou-se, como a nuvem negra. Há cinco anos que não faço nenhum trabalho de encenação.
Ontem de tarde, enquanto reunia com o compositor do espetáculo (ainda não contratado..) - reunião que correu maravilhosamente - em vez de dizer 'fui convidado', saiu-me 'fui condenado'.
No texto para divulgação que escrevi, falei extensivamente da oportunidade do mistério.. O Mistério, cuja mera presença, a muitos invisivel de início, obriga as personagens a lidar com os seus medos, com as suas sombras. A resistência à transformação, o medo da mudança, do sair da normalidade..
Estou diante da oportunidade: de revisitar as sombras que encerro em mim, os medos antigos, por resolver. Eu sou uma personagem da peça que vou encenar..
Como todos dizemos com leveza: há que aproveitar as oportunidades e não deixá-las fugir ou perder. Eis a minha oportunidade. Vou matá-la, como fazem as personagens na peça? Ou abraçá-la e arriscar ser algo novo?
A vida está comigo, sinto-o.
Here we go again.
(agora, que releio este texto, lembrei-me que a peça começa com um copo de leite derramado... e foi o pacote de leite que caiu ao chão, sozinho, ontem à noite...)
Apaguei a luz e continuei a senti-la. Nisto vem um barulho da sala. Pensei que o mac tinha caído ao chão. Levantei-me e fui ver o que se passara. Não tinha sido o mac. Foi um pacote de leite, vazio, que estava em cima da bancada da cozinha que caíra ao chão. Peguei nele e recoloquei-o na bancada.
Regressei ao quarto. Fechei a porta. Deitei-me, apaguei a luz. E o vapor negro entrou-me pela nuca e eu sabia que o faria. Defendi-me com o 'Raku' que o D. me ensinou. Mas fui sentindo a cabeça a ficar cada vez mais pesada. Até que adormeci.
Tive um pesadelo: sonhei que a encenação que estava a fazer era impossível de realizar: era debaixo de água e usava um submarino. Não conseguia mobilizar ninguém a trabalhar e todos estavam passivos e contrariados. Senti o falhanço total, que não iria conseguir estrear. E uma imensa e terrível solidão, impotente.
Daqui a uma semana começo ensaios duma encenação que farei. Até agora tudo corre maravilhosamente, na fase preparatória. Mas o medo reinstalou-se, como a nuvem negra. Há cinco anos que não faço nenhum trabalho de encenação.
Ontem de tarde, enquanto reunia com o compositor do espetáculo (ainda não contratado..) - reunião que correu maravilhosamente - em vez de dizer 'fui convidado', saiu-me 'fui condenado'.
No texto para divulgação que escrevi, falei extensivamente da oportunidade do mistério.. O Mistério, cuja mera presença, a muitos invisivel de início, obriga as personagens a lidar com os seus medos, com as suas sombras. A resistência à transformação, o medo da mudança, do sair da normalidade..
Estou diante da oportunidade: de revisitar as sombras que encerro em mim, os medos antigos, por resolver. Eu sou uma personagem da peça que vou encenar..
Como todos dizemos com leveza: há que aproveitar as oportunidades e não deixá-las fugir ou perder. Eis a minha oportunidade. Vou matá-la, como fazem as personagens na peça? Ou abraçá-la e arriscar ser algo novo?
A vida está comigo, sinto-o.
Here we go again.
(agora, que releio este texto, lembrei-me que a peça começa com um copo de leite derramado... e foi o pacote de leite que caiu ao chão, sozinho, ontem à noite...)
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