quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O alívio de estar longe de mim

"I would like to be here, I would like
To be there,
I would like to be everywhere at once.
I know that's a contradiction in terms,
And it's a problem, especially when
My body's clearing forty as my mind is
Nearing ten."

(Guido Song. Do musical NINE)

Voltei a casa. Só.
O verão foi cheio de gente e de experiências com gente.
Durante esse mês e meio quase nunca estive comigo.
Quando estive, procurei formas de estar com outros.
A Vida não me desapontou.
Os outros foram muitos.
A muitos dos outros, quase todos?, dei de mim, provavelmente o mais luminoso de mim?..
Sinto que cumpri esse dar..
- Restou alguém?, perguntou-me ontem um amigo pelo chat do FB.
- Restei eu!, respondi.
- Nada mal. - disse ele.
Restei eu.
Ontem dei por mim a conseguir estar comigo, a gostar, inclusivé.
E perguntei-me quantas pessoas haverá neste mundo com esta mesma questão: estar bem consigo.
Apeteceu-me fazer uma investigação.
Mas a primeira investigação é sobre mim próprio.
Não é de hoje, mas 'hoje' é o momento mais lúcido para o fazer.
Hoje acordei e comecei a 'distrair-me' com o que preciso fazer antes da nova fase que está quase aqui.
Este fazer é importante, mas dei por mim não querendo fazê-lo, mas a fazê-lo na mesma, porque sou teimoso. Só que longe de mim.
A sensação é flagrante: ansiedade, vontade que acabe depressa, querer estar 'noutro sítio', cansaço imediato, energia que se esvai em segundos, 'esta merda nunca mais acaba!'... até à obnubilação geral, estado em que, uma vez lá, iniciam-se processos negros de auto-destruição.
Consciencializei e regressei.
Estou comigo, agora. Fiz o almoço e estive comigo. Comi e estive comigo.
Se me distraio, fujo.
O exercício de atenção sobre mim mesmo é exigente.
Mas sinto já algum alívio no estar perto de mim.

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